
Este fim-de-semana decorre em Arouca, mais propriamente no Cinema Globo d’Ouro, o V Arouca International Film Festival, que o seu Director, nosso amigo e colega de tertúlia João “Rita”, confessa tratar-se de um sonho realizado e de uma realidade com “pernas para andar”. De tal forma que, já não chega realizar um Festival de Cinema, ainda que Internacional. Um argumento para «levar o nome de Arouca ao mundo como também trazer o mundo a Arouca». Será pretensão a mais?
E que dizer do «compromisso em fazer a curto prazo de Arouca, uma das regiões mais filmadas de Portugal»?
Quem conhece o pequeno vale de Arouca e o que ainda se estende para além das «serras malditas que parecem estar ali de propósito a esconder de olhos maus aquela abençoada bacia do Arda», como o viu e nele se inspirou Aquilino Ribeiro, em “O Malhadinhas”, não verá naquela pretensão qualquer coisa de inatingível. O próprio Aquilino Ribeiro para isso teria contribuído se no lugar da esferográfica tivesse uma máquina de filmar. Como já o havia feito, de resto, Rino Lupo ao tomar contacto com o conto “A Frecha da Mizarela”, que Abel Botelho tão criativamente fez incluir no livro “As Mulheres da Beira”, e ao descobrir, ele próprio, os planos e cenários que tão bem guardada preciosidade lhe oferecia.
Jaime Cortesão, “A Caminho de Arouca”, e ao tornear as serras que a ela o levavam referiu tratar-se de «…um filme de relances surpreendentes» e que «…pelo prisma da arte, a jóia, ou melhor, o tesouro revelado pela rápida excursão é Arouca e o seu mosteiro». Transpostos os «desfiladeiros selváticos», refere este autor, o visitante, «contempla cenários de écloga», «anfiteatros duma severa majestade».
Camilo Castelo Branco, imbuído em “Vulcões de Lama”, tivesse à mão a possibilidade de filmar Fermedo, onde por várias vezes estanciou, e outra pequena maravilha se nos oferecia.
E Alexandre Herculano? Tivesse com ele uma máquina de filmar quando, em Julho de 1854 visitou o mosteiro, como comissário da Real Academia das Ciências de Lisboa, para verificar o estado dos arquivos eclesiásticos, e menos ainda cumpria relativamente a este ofício.
Estanciou em Arouca dois dias, mas, as suas atenções, a avaliar pelo «laconismo dos seus apontamentos», deu-as a comentar detalhes sobre a riqueza artística do mosteiro e a beleza do local. Quem já não leu a passagem: «Torneia-se o monte e começa a descida para o vale de Arouca. A encosta e o vale igualam em beleza a Sintra, e excedem-se na vastidão.». Tivesse ele a possibilidade de levar consigo registo visual desta Sintra que encontrou em recôndito Portugal.
Mas, e a propósito daquela interessante pretensão, esta é apenas uma das muitas perspectivas pelas quais se eleva Arouca e nela se encontra argumento para tal desiderato. Enfim! À “boleia” destes renomados autores, apenas me referi ao pequeno grande vale de Arouca e dou, assim, o mote para uma eventual discussão sobre os cenários e argumentos que por cá existem para que Arouca, muito legitimamente, tenha a pretensão de ser uma das regiões mais filmadas de Portugal.
Estanciou em Arouca dois dias, mas, as suas atenções, a avaliar pelo «laconismo dos seus apontamentos», deu-as a comentar detalhes sobre a riqueza artística do mosteiro e a beleza do local. Quem já não leu a passagem: «Torneia-se o monte e começa a descida para o vale de Arouca. A encosta e o vale igualam em beleza a Sintra, e excedem-se na vastidão.». Tivesse ele a possibilidade de levar consigo registo visual desta Sintra que encontrou em recôndito Portugal.
Mas, e a propósito daquela interessante pretensão, esta é apenas uma das muitas perspectivas pelas quais se eleva Arouca e nela se encontra argumento para tal desiderato. Enfim! À “boleia” destes renomados autores, apenas me referi ao pequeno grande vale de Arouca e dou, assim, o mote para uma eventual discussão sobre os cenários e argumentos que por cá existem para que Arouca, muito legitimamente, tenha a pretensão de ser uma das regiões mais filmadas de Portugal.
No fundo, Arouca tem potencial para ser tudo e mais alguma coisa! Haja gente que sonhe. Haja gente que permita e ajude a sonhar.
1 comentário:
Que Arouca tem capacidade para oferecer das mais belas imagens de video... isso acredito que nenhum de nós coloca em questão! É por isso que o anseio expresso no festival não sai da esfera do racional e legítimo de quem ama o cinema e Arouca. Numa vertente mais calculista, e mesmo talvez até realista, essa será uma pretensão num estado muito embrionário, talvez ainda mesmo numa fase de pré-fecundação!
Todas essas opiniões expressas por vultos da literatura portuguesa nos deixam a nós arouquenses lisonjeados.
Seria óptimo que nos dia hoje nomes de igual relevo o fizessem da mesma forma e com a mesma beleza descritiva.. a titulo disto ocorre-me afirmar que se poderia talvez a título póstumo dar uma condecoração a todos eles...por muitos menos se condecoraram pessoas na actulidade.. eh eh eh(ler com alguma ligeireza e ironia)
Para terminar deixo aqui um desafio: porque não gravar um remake de "mulheres da beira" em pleno século XXI. o mesmo argumento adaptado aos dias de hoje. Realizador já temos.......
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